quarta-feira, 4 de novembro de 2009

o homem amarelo

lá está o homem amarelo
sentado na esquina
sentado, jogado, amassado

nao se lembra quando foi a ultima vez q saiu daquele lugar
aos passantes parece se confundir coma a paisagem
com o poste em que apoia suas velhas costas

guarda consigo um velho e roto cigarro
esperando que um dia alguem lhe ofereça fogo
para desfrutar deste ultimo prazer

as roupas que veste parecem mais velhas que o proprio velho
tao amareladas e amassadas quanto o proprio velho
a velha camisa, as velhas calças, o velho velho

às vezes, parece haver somente um monte de velhas roupas
sem ninguem mais para vestir
que forasm esquecidas na esquina

e lá ele espera
e observa
e espera

espera alguem que fora de sua vida
algum parente, algum amigo, alguma pessoa
que ainda se lembre dele

espera que algo o tire de lá
dessa velha e amarela esquina
que parece engolí-lo lentamente, dia após dia

enquanto isso ele observa os carros que passam
observa as pessoas que passam
observa o tempo que passa

e vai passando
e ele como uma velha fotografia
vai amarelando