terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Vejo

Vejo... pela janela... massas disformes... movimentos caóticos... sem rumos... sem direções...

Vejo, em meio a essas margens de opaco concreto, um rio de pessoas, um rio sem correnteza, em constante ebulição,

Vejo pessoas; engrenagens rodando sem sair do lugar; engrenagens girando sem saber por quê; engrenagens sem saber que máquina as comanda; engrenagens que engrenagens não sabem que são;

Vejo cabeças. Tão cheias e tão ocas. Tão ocupadas e tão ociosas. Cheias de presente. Vazias de passado. Vazias de futuro. Afogadas em deveres. Sem respirar seus direitos. À deriva da consciência. Náufragos sem reação. Sem ação.

Vejo! E tento não ver! Finjo não ver! Escondom-me da realidade da qual também participo! Participo sem participar! Sem alterar essa surrealidade real! Cômodo! Assisto a tudo sem mover-me! Estático! Consciente de minha alienação! Imóvel! Alienado em minha própria (in)consciência!

Naufrago? Engrenagem?? Rio??? Disforme???? Vejo?????

Um comentário:

  1. nossa.
    cai num abismo agora, gostei muito, muito.
    concordo, quase que 100%.

    'Cheias de presente. Vazias de passado. Vazias de futuro.'
    me incomoda as vezes o cheia de passado, vazias de presente, cheias de futuro.
    ou cheias de passado, vazias de presente, vazias de futuro.

    -J.

    ResponderExcluir